Sucessão: O Descompasso Entre Gerações

Daniela Ludak

O choque geracional sempre esteve presente no ambiente corporativo. No entanto, no cenário atual, onde as mudanças acontecem em um ritmo acelerado, essa diferença se tornou ainda mais evidente e desafiadora. A sucessão dentro das empresas não é apenas uma questão de idade – envolve mentalidade, estilos de gestão, expectativas e formas de liderança.

Essa transição precisa ser feita com equilíbrio entre inovação e experiência, garantindo que as mudanças preservem a cultura organizacional e, ao mesmo tempo, abram espaço para novas ideias e formas de gestão.

O impacto das gerações na sucessão e na cultura organizacional

A convivência entre profissionais de diferentes gerações traz desafios e oportunidades dentro das empresas. Algumas diferenças são evidentes e impactam diretamente o processo sucessório.

Um dos primeiros pontos é o uso da tecnologia. Profissionais mais experientes cresceram em um ambiente mais analógico, onde documentos físicos e reuniões presenciais eram a norma. Mas é importante destacar que muitos deles estão cada vez mais abertos ao digital e se adaptando rapidamente. Já os mais jovens utilizam a tecnologia de forma natural e confiam plenamente nela, preferindo soluções automatizadas, inteligência artificial e comunicação instantânea.

Outro fator determinante são as habilidades valorizadas pelo mercado. Gerações anteriores tendem a priorizar habilidades técnicas, enquanto o ambiente corporativo atual exige cada vez mais as chamadas soft skills, como inteligência emocional, comunicação e adaptabilidade. Saber trabalhar em equipe, lidar com conflitos e exercer uma liderança flexível são competências cada vez mais determinantes para o sucesso profissional.

O modelo de trabalho também sofreu grandes transformações. Os profissionais mais experientes estão habituados ao presencial, onde a rotina de trabalho era bem definida e controlada. Já as novas gerações buscam flexibilidade, valorizando modelos híbridos ou remotos que permitam mais autonomia e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Por fim, os estilos de liderança também diferem bastante. Líderes com mais tempo de mercado cresceram dentro de estruturas hierárquicas, onde a autoridade era clara e bem definida. Já as novas gerações preferem modelos colaborativos e horizontais, que, em alguns casos, são extremamente eficientes, mas, em outros, podem gerar dificuldades de alinhamento e tomada de decisão. Para que a sucessão seja bem conduzida, é essencial encontrar uma maior sinergia entre as diferentes formas de gestão.

O sucesso desse processo depende da abertura para mudanças e da estruturação de um plano claro e bem conduzido, que minimize os impactos desse descompasso geracional.

Os desafios da sucessão no passado e no presente

Os desafios da sucessão sempre existiram. Diferenças culturais, de valores e de estilos de gestão sempre foram parte desse processo. No entanto, nos últimos anos, a velocidade da transformação tecnológica se tornou um divisor de águas, promovendo ainda mais o descompasso entre as gerações.

Se antes a sucessão era um processo planejado com anos de antecedência e estruturado em camadas de hierarquia bem definidas, hoje a transição precisa acontecer de forma muito mais ágil e adaptável. A longevidade profissional aumentou, permitindo que executivos permaneçam no mercado por mais tempo. Ao mesmo tempo, os jovens chegam cada vez mais preparados e com um mindset de inovação e propósito, o que gera um encontro de forças muitas vezes conflitantes.

O grande desafio das sucessões atuais não é apenas preparar um novo líder, mas criar um ambiente onde as diferentes gerações possam aprender umas com as outras, promovendo uma transição que respeite a experiência adquirida e, ao mesmo tempo, valorize as novas demandas do mercado.

Estratégias para conciliar diferentes estilos de liderança

Para que a sucessão aconteça de forma equilibrada e bem-sucedida, algumas estratégias podem ser adotadas:

  1. Comunicação clara e transparente entre sucessores e sucedidos, garantindo alinhamento de expectativas e um processo mais fluido.
  2. Identificação de pontos em comum entre as diferentes gerações, criando conexão e proximidade entre os profissionais.
  3. Desenvolvimento da empatia, ajudando cada lado a compreender e valorizar a perspectiva do outro. Isso exige disponibilidade para escutar e flexibilidade diante do novo. Não significa que todos precisam concordar, mas sim encontrar um equilíbrio que permita a convivência produtiva.

Quando essas estratégias são bem aplicadas, a sucessão se torna um processo mais natural, sem rupturas bruscas e com maior chance de sucesso.

A sucessão dentro das empresas é um processo inevitável e, cada vez mais, exige um olhar atento para a convivência entre diferentes gerações. Encontrar o equilíbrio entre inovação e experiência, tradição e transformação, é essencial para garantir que as empresas se mantenham competitivas e preparadas para os desafios do futuro.

E você? Já parou para pensar sobre a sucessão dentro da sua organização ou na sua própria carreira?

O tema não é apenas das empresas – é de todos nós.

Esse texto teve origem em uma jornada na CBN sobre Sucessão. Acesse e escute na íntegra esses diversos episódios:

Como ter bons resultados no plano de sucessão? – https://cbncuritiba.com.br/materias/como-ter-bons-resultados-no-plano-de-sucessao-daniela-leluddak-responde/

Como identificar sucessores ideais para empresas? – https://cbncuritiba.com.br/materias/carreira-e-mercado-de-trabalho-como-identificar-sucessores-ideais-para-empresas/

Como a diferença de idade impacta nas sucessões empresariais? – https://cbncuritiba.com.br/materias/carreira-e-mercado-de-trabalho-como-a-diferenca-de-idade-impacta-nas-sucessoes-empresariais/

Daniela Ludak

Daniela Leluddak

Consultora corporativa, psicóloga clínica, palestrante e colunista com mais de 25 anos de experiência. Reconhecida por seu trabalho no desenvolvimento humano, apoia líderes, famílias e empresas na criação de ambientes colaborativos, humanizados e de alta performance. É idealizadora da metodologia Análise Integral, que une psicologia, tecnologia e espiritualidade para capacitar pessoas e equipes a alcançar seu máximo potencial.

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