Ainda há quem acredite que liderar uma equipe significa vestir uma capa de super-herói: ser incansável, inabalável e estar sempre pronto para resolver tudo. Mas quem vive na pele o desafio de liderar sabe que essa ideia está bem longe da realidade. Liderança não é sobre invencibilidade — é sobre inteligência emocional, empatia, responsabilidade e, principalmente, humanidade.
Na semana passada, falamos sobre saúde mental nas empresas. Hoje, volto ao tema para olhar com atenção para os líderes que, muitas vezes, também estão adoecendo — só que em silêncio. Eles sofrem calados porque acreditam que precisam dar conta de tudo, o tempo todo. Mas a verdade é que ninguém lidera bem se estiver mal consigo mesmo.
Uma pesquisa feita pela Ipsos MORI para a Teladoc Health revelou que 31% dos gestores já receberam diagnósticos relacionados à saúde mental. E o burnout, que já é uma preocupação global, aparece de forma mais intensa entre líderes de startups (38,46%), quando comparado com e-commerce (18,75%) e big techs (15%).
Esses dados são o reflexo de um modelo de liderança baseado na exaustão e na sobrecarga. Um modelo que precisa ser urgentemente revisto. Pressão constante, jornadas longas, decisões difíceis, solidão no comando e falta de suporte emocional criam o cenário perfeito para o adoecimento. O resultado? Ansiedade, estresse, insônia e uma perda significativa de clareza, inovação e conexão com a equipe.
A boa notícia é que mudanças estão a caminho. O Ministério do Trabalho e Emprego atualizou recentemente a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), e a partir de maio de 2025 será obrigatório que as empresas brasileiras incluam a gestão de riscos psicossociais como parte da Segurança e Saúde no Trabalho. Uma conquista importante, que aponta para a necessidade de ambientes de trabalho mais humanos e sustentáveis — inclusive para quem lidera.
Mas só a norma não basta. As empresas precisam sair do discurso e partir para a ação: criar espaços de escuta, oferecer apoio psicológico, implementar modelos de trabalho mais flexíveis e, principalmente, promover o autoconhecimento. Um líder que não se conhece dificilmente saberá reconhecer seus próprios limites — e isso o tornará mais vulnerável.
Liderar com humanidade é saber que, às vezes, é preciso parar. É ter a coragem de dizer: “não estou bem”. E, mais do que isso, é ter suporte para isso. Porque saúde mental é como qualquer outro problema de saúde: precisa de atenção, diagnóstico e tratamento.
Se você sente cansaço constante, irritabilidade, lapsos de memória, vontade de chorar do nada, falta de ar ou o coração acelerado, não ignore esses sinais. Eles podem ser o seu corpo pedindo socorro. E sim, sei que temos contas a pagar, metas a bater e sonhos a realizar. Mas a vida, essa só temos uma. Sem saúde mental, tudo para.
A liderança do futuro começa agora: mais consciente, mais presente e mais humana.
Vamos falar mais sobre isso? Faça contato! Sua jornada merece cuidado e presença.
Esse foi o tema da CBN — escute e compartilhe com quem possa se beneficiar.
Até a próxima!