Vivemos em uma sociedade que valoriza a performance, a rapidez, a produtividade. No meio desse turbilhão, criamos — muitas vezes sem perceber — vínculos com hábitos, comportamentos e sensações que se tornam verdadeiras dependências emocionais, sociais e comportamentais.
Quando falamos em dependência, o que costuma vir à mente são os vícios químicos: álcool, cigarro, drogas. Mas há outras formas, mais silenciosas e igualmente nocivas, que se manifestam de maneira disfarçada no dia a dia.
Você já parou para refletir sobre do que tem dependido ultimamente?
Pode ser:
- Aquele açúcar diário que “salva” o dia;
- A compulsão por comida quando as emoções apertam;
- O uso excessivo de redes sociais para aliviar a ansiedade ou escapar do tédio;
- O vício em jogos online, que gera uma sensação temporária de controle e prazer;
- A validação constante que você busca nas curtidas, nos elogios, nos reconhecimentos externos;
- A ocupação exagerada, que mascara o medo de parar e olhar para dentro.
Essas dependências “modernas” não chegam com manual de instrução — mas vão se infiltrando silenciosamente nas nossas rotinas, nos nossos sentimentos e no nosso jeito de viver.
Dependência é diferente de vínculo. Vínculo é escolha. Dependência é prisão.
Evidências científicas que merecem atenção:
- Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso problemático da tecnologia já afeta mais de 5% da população global jovem, com destaque para o uso compulsivo de videogames, que foi oficialmente classificado como transtorno mental em 2018 (Gaming Disorder – CID-11).
- Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que cerca de 30% dos adolescentes brasileiros já apresentam comportamento de risco com jogos eletrônicos, indicando forte relação com ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentração.
- Pesquisas da American Psychological Association (APA) apontam que o uso excessivo de redes sociais está diretamente associado a níveis mais altos de depressão e baixa autoestima, especialmente entre mulheres jovens.
- Já o Journal of Behavioral Addictions aponta que comportamentos como “trabalho compulsivo”, “alimentação emocional” e “uso de internet como fuga” têm crescido em contextos urbanos e corporativos, afetando inclusive líderes e executivos de alta performance.
Quando a dependência se instala, você perde o controle sobre o que consome ou sobre o que busca — e passa a ser controlado por aquilo. É como uma anestesia constante, que pode até aliviar momentaneamente a dor, mas impede a cura verdadeira.
O impacto na saúde mental é profundo: ansiedade, depressão, insônia, sensação de vazio, exaustão emocional e, muitas vezes, crises existenciais.
Existe uma saída. E ela começa com autoconsciência.
Pergunte-se:
- O que tem me nutrido — e o que tem me drenado?
- O que eu uso como distração, fuga ou anestesia?
- Que desconforto eu tenho evitado encarar de frente?
A verdadeira liberdade começa quando reconhecemos nossas dependências e decidimos caminhar com consciência.
Nem sempre é fácil. Às vezes, é preciso ajuda profissional, apoio emocional, coragem para mudar hábitos antigos e — principalmente — disposição para mergulhar em si mesmo. Mas esse é o caminho da autoliderança: um passo de cada vez, com leveza, verdade e presença.
Talvez o que esteja te impedindo de avançar não seja a falta de capacidade — mas a presença de um apego invisível que você ainda não teve tempo (ou coragem) de nomear.
E se hoje fosse o dia de soltar essa muleta?
Esse foi um dos temas do Café com a Dani — que acontece toda quarta-feira, das 07h15 às 07h30, ao vivo no Instagram.
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Até a próxima!