FUGA OU ALÍVIO? COMO DIFERENCIAR VÍNCULOS SAUDÁVEIS DE DEPENDÊNCIAS SILENCIOSAS

Daniela Ludak

Vivemos em uma sociedade que valoriza a performance, a rapidez, a produtividade. No meio desse turbilhão, criamos — muitas vezes sem perceber — vínculos com hábitos, comportamentos e sensações que se tornam verdadeiras dependências emocionais, sociais e comportamentais
Quando falamos em dependência, o que costuma vir à mente são os vícios químicos: álcool, cigarro, drogas. Mas há outras formas, mais silenciosas e igualmente nocivas, que se manifestam de maneira disfarçada no dia a dia. 

Você já parou para refletir sobre do que tem dependido ultimamente?

Pode ser: 

  • Aquele açúcar diário que “salva” o dia; 
  • compulsão por comida quando as emoções apertam; 
  • uso excessivo de redes sociais para aliviar a ansiedade ou escapar do tédio; 
  • vício em jogos online, que gera uma sensação temporária de controle e prazer; 
  • validação constante que você busca nas curtidas, nos elogios, nos reconhecimentos externos; 
  • ocupação exagerada, que mascara o medo de parar e olhar para dentro. 

 Essas dependências “modernas” não chegam com manual de instrução — mas vão se infiltrando silenciosamente nas nossas rotinas, nos nossos sentimentos e no nosso jeito de viver.  
Dependência é diferente de vínculo.  Vínculo é escolha. Dependência é prisão. 

Evidências científicas que merecem atenção:

  • Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso problemático da tecnologia já afeta mais de 5% da população global jovem, com destaque para o uso compulsivo de videogames, que foi oficialmente classificado como transtorno mental em 2018 (Gaming Disorder – CID-11). 
  • Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que cerca de 30% dos adolescentes brasileiros já apresentam comportamento de risco com jogos eletrônicos, indicando forte relação com ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentração. 
  • Pesquisas da American  Psychological Association (APA) apontam que o uso excessivo de redes sociais está diretamente associado a níveis mais altos de depressão e baixa autoestima, especialmente entre mulheres jovens. 
  • Já o Journal of Behavioral Addictions aponta que comportamentos como “trabalho compulsivo”, “alimentação emocional” e “uso de internet como fuga” têm crescido em contextos urbanos e corporativos, afetando inclusive líderes e executivos de alta performance. 

Quando a dependência se instala, você perde o controle sobre o que consome ou sobre o que busca — e passa a ser controlado por aquilo. É como uma anestesia constante, que pode até aliviar momentaneamente a dor, mas impede a cura verdadeira. 
O impacto na saúde mental é profundo: ansiedade, depressão, insônia, sensação de vazio, exaustão emocional e, muitas vezes, crises existenciais.

Existe uma saída. E ela começa com autoconsciência.

Pergunte-se: 

  • O que tem me nutrido — e o que tem me drenado? 
  • O que eu uso como distração, fuga ou anestesia? 
  • Que desconforto eu tenho evitado encarar de frente? 

A verdadeira liberdade começa quando reconhecemos nossas dependências e decidimos caminhar com consciência. 
Nem sempre é fácil. Às vezes, é preciso ajuda profissional, apoio emocional, coragem para mudar hábitos antigos e — principalmente — disposição para mergulhar em si mesmo. Mas esse é o caminho da autoliderança: um passo de cada vez, com leveza, verdade e presença. 

Talvez o que esteja te impedindo de avançar não seja a falta de capacidade — mas a presença de um apego invisível que você ainda não teve tempo (ou coragem) de nomear. 
E se hoje fosse o dia de soltar essa muleta? 

Esse foi um dos temas do Café com a Dani  — que acontece toda quarta-feira, das 07h15 às 07h30, ao vivo no Instagram. 
Acesse, escute e compartilhe se fez sentido para você. 

Até a próxima! 

Daniela Ludak

Daniela Leluddak

Consultora corporativa, psicóloga clínica, palestrante e colunista com mais de 25 anos de experiência. Reconhecida por seu trabalho no desenvolvimento humano, apoia líderes, famílias e empresas na criação de ambientes colaborativos, humanizados e de alta performance. É idealizadora da metodologia Análise Integral, que une psicologia, tecnologia e espiritualidade para capacitar pessoas e equipes a alcançar seu máximo potencial.

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