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O CUSTO INVISÍVEL DA PROMOÇÃO: ATÉ ONDE SUA AMBIÇÃO PODE TE LEVAR?

Daniela Ludak

É inevitável abordar esse assunto sem falar da minha própria história. 

Comecei cedo, aos 16 anos, com minha primeira empresa: uma agência de animação de festas. Em parceria com uma amiga, nós mesmas atuávamos como animadoras — e desse trabalho chegamos até a fazer propagandas na TV. 

Logo depois, já como estagiária durante o curso de Psicologia, eu carregava um desejo claro: crescer, impactar o mundo e, quem sabe, ter uma mesa, um crachá e uma equipe para chamar de minha, e liderar. 

Naquele momento, sucesso significava ocupar uma posição de destaque. 

A trajetória seguiu esse rumo. Estagiei na matrix da Robert Bosch do Brasil, primeiro em Campinas e, depois, fui efetivada na filial em Curitiba. Mas a vontade de enfrentar desafios maiores me levou a arriscar carreira solo, em parceria com uma empresa do Sul que foi precursora do que mais tarde chamaríamos de coaching. 

Mais tarde atuei também na direção de uma startup americana no Brasil. 

Muita água correu debaixo dessa ponte e, hoje, com uma empresa consolidada há mais de 20 anos, trabalho com aquilo que realmente me move: descobrir, desenvolver e inspirar pessoas. 

Talvez você que lê este artigo reconheça o cenário que descrevo. Afinal, muita gente sonha com isso. Mas é importante dizer: nem todo mundo tem perfil desbravador ou de líder de equipe. 

No meu caso, foram muitas horas de terapia, muito treinamento, muita capacitação. Uma infinidade de situações que me colocaram à prova. Até que um dia concluí: foi importante, mas não foi o cargo que me moldou. Não foi a mesa, o crachá ou a posição de destaque. Foram as experiências vividas ao longo do caminho. 

O status da promoção 

Ser promovido sempre foi visto como sinônimo de sucesso. 

A ascensão parece vitória… mas, na prática, sem autoconhecimento e sem leitura sistêmica, pode virar armadilha. 

E a analogia é clara: quanto mais você sobe em uma estrutura organizacional, mais o vento bate. E, quase sempre, ele é frio. 

O que deveria ser celebração, muitas vezes, vira isolamento — cheio de cobranças emocionais, conflitos e metas que se multiplicam. 

Pressão e isolamento 

Liderança deveria vir acompanhada de suporte. 

Mas, na prática, acontece o contrário: além da cobrança externa, existe a cobrança interna, aquela pressão silenciosa de ter que se manter de pé… muitas vezes sozinho. 

Só que não precisa ser assim. 

Liderar exige treino, sim — em técnicas de gestão —, mas muito mais hoje exige treino emocional, rede de apoio e tempo de adaptação. 

Ninguém nasce sabendo liderar. 

Há quem diga que “líder já nasce pronto”. Eu discordo. Habilidades podem existir, mas no mundo atual, ser líder envolve prática constante, aprendizado contínuo e disposição para se reinventar. 

Acompanho muitos líderes — e posso afirmar: a história se repete. Sem suporte, o líder afunda em cobranças, pressões, metas… e o time afunda junto. 

Repensar o sucesso 

Uma máxima verdadeira: nem todo bom profissional precisa ser líder. 

E isso deveria ser aceito — e praticado — no mundo corporativo. 

Repensar o sucesso é urgente. 

Porque realização também está na excelência técnica, na perspicácia relacional, na criatividade, na visão estratégica, no impacto que cada um gera — e não apenas no crachá que aparece no organograma. 

Na minha geração, o sonho era estabilidade. 

Já a geração Z, que está entrando agora no mercado, busca autonomia. 

E só nesse ponto já temos uma grande mudança. 

Liderar hoje exige, antes de tudo, ser humano: compartilhar êxitos e fracassos, estar sempre aberto ao novo e compreender que resultados duradouros vêm de relações saudáveis. 

Reflexão final 

Conheço profissionais que, em nome de um cargo, carregam sobre si uma pressão desmedida. 

Outros que, pelo receio de ousar, permanecem parados onde estão. 

E também aqueles que, em busca de autoconhecimento, se permitem avançar — não apenas na carreira, mas como seres humanos. 

E é aí que está a verdadeira pergunta: 

Será que o seu sonho, a sua ambição, o seu desejo — chame como quiser — está realmente te levando para o lugar certo? 

Esse artigo foi tema da minha coluna na CBN. 

Se esse conteúdo fez sentido para você — ou pode ser útil a alguém — compartilhe. 

 

Até a próxima! 

Daniela Ludak

Daniela Leluddak

Consultora corporativa, psicóloga clínica, palestrante e colunista com mais de 25 anos de experiência. Reconhecida por seu trabalho no desenvolvimento humano, apoia líderes, famílias e empresas na criação de ambientes colaborativos, humanizados e de alta performance. É idealizadora da metodologia Análise Integral, que une psicologia, tecnologia e espiritualidade para capacitar pessoas e equipes a alcançar seu máximo potencial.

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